Morreu a Michele, depois de lutar vários dias e comover meio país. Teve uma vida bem curta e talvez bem grande, pois reacendeu uma discussão mais que urgente, a questão do direito ao aborto no País. Em breve voltaremos ao debate sobre o tema, aqui no Verbo Feminino, não hoje, que tema como esse merece melhor reflexão – talvez porque não se trata, atualmente, de discutir se as mulheres têm ou não o direito a “dispor do próprio corpo” ou o do corpo de outro, indefeso, a discussão passa por quais mulheres têm esse direito. Hoje vou de assunto mais ameno:
Estive com Paulo César Falibusch Pires, rapagão de quase 1,90 de altura e barriga tanquinho, no auge dos seus 44 anos. Casado, pai de dois filhos, dono de lucrativa pousada em Floripa, o Paulo em questão deu muita sorte com a genética, sem dúvida, e também com a mídia – vive nas páginas das revistas e programas de TV, ganha burros de dinheiro pra aparecer em qualquer eventinho. E é o que ele fazia na cidade, participava do lançamento de uma coleção qualquer, não mais como desfilante, agora basta que apareça para enfeitar a platéia e permita um ou dois clics com os organizadores. A presença dele, no primeiro momento, nos assusta um pouco, é verdade, porque é como se um personagem fake das revistas, desses retocados em photoshop, aparecesse assim em carne e osso, coisa meio irreal. Mas logo surge o humano nele: pequenas rugas no canto dos olhos, um sotaque carioca chatíssimo, um ar meio blasè. Meu desconforto não se dava pelo confronto com a beleza do moço, o que me fazia mal, na verdade, era a algazarra das colegas de trabalho, postadas qual galinhas num poleiro, de bico aberto, completamente alvoroçadas, batendo asas, literalmente. Não sei se estavam em período fértil (aqui cabe um parêntesis sobre teoria interessante de um amigo meu, ginecologista, sobre as mulheres e o período ovulatório: diz ele que é muito fácil descobrir se uma mulher está na TPM ou se está ovulando, no primeiro caso as roupas são sóbrias ou escuras e o rosto se apresenta sem a cor de um batom, no segundo caso aparece a pele sob decotes mais insinuantes de roupas que chegam ao vermelho vivo. Ele, em sua experiência como ginecologista, atesta também que no período fértil as mulheres usam até calcinha e sutiã combinando!) Voltemos ao Paulo, sei que o moço está mais do que acostumado ao assédio e que as mulheres conseguem ser mais assanhadas do que qualquer homem babão mas, mesmo assim, fui ficando meio que sem graça, será que somos todas assim tão loucas, só por causa de um par de olhos verdes, ombros largos e corpo definido por músculos na medida exata? O homem estava ali para uma entrevista e a mulherada, devagarinho e em meio a alguns gritinhos, foi voltando ao trabalho. O bonitão falou por mais de 30 minutos e, sejamos justos, mostrou-se esperto, não diria inteligente, esperto, e gente simples. Mas vocês nem imaginam o esforço pra encontrar assunto pra tanto – com o passar do tempo, que passava devagar, pouco tempo, o homem foi ficando mais humano, mais bobo e, claro, mais feio. O efeito é bom e o desconforto vai embora: eu já estava me achando realmente linda!
6 comentários:
Fui no Google pra saber quem é o tal Paulo... Que inveja, Luciana!
Com um sujeito como ele na frente, ele nem precisa abrir a boca! rs rs
Cláudia
Mas nós estamos mais perto que supunhamos, querida Lu G. Depois de rodar meio mundo e mudar de profissão a cada estação eis que, atualmente, tenho trabalhado com o segmento de moda de BH. Só no Prado são umas 400 empresas... a turma parece que gostou de mim, puseram até apelido novo: RMau.
Sobre esse caboclo que você se referiu, acho que não tenho nada em comum, a não ser a idade e uns vinte centímetros a menos na altura (na altura, heim). Agora, diz um amigo, que me trouxe para esse segmento, que do pessoal que trabalha nesse meio, uns 80% são mulheres e os outros 20% queriam ser...
O cara não pediu nem telefone? "Eu heim boi".
Se eu visse Paulo Zulu, assim, à queima roupa, eu logo iria perguntando:
- Hum, será que o teu signo tem a ver com o meu?
Brincadeiras à parte. Detesto, tenho nojo de mulheres estéricas, ciscando como galinhas angolanas.
Obrigada pela visita. Já está linkada pra não perder o rumo!
Bjs.
Olá, Luciana:
Do seu post, o que mais me interessou foi a teoria do seu amigo médico ginecologista.
Sem ser um profundo conhecedor, como ele deve ser, do comportamento ditado pelos hormônios -- é disso que se está falando --, minha tendência é concordar com ele. E também com o Dr. Elsimar Coutinho, que é outro especialista na área, que defende teses semelhantes, até mais radicais: por exemplo, ele chega a afirmar que a mulher só sente prazer sexual durante o período fértil. Fora dele, qualquer relação sexual seria desagradável, para as mulheres.
Tenho um grande amigo, o empresário Luiz Antônio Costa, industrial que lançou a marca de abotinados "Zebu", também conhecido como Luiz Botina, e que publicou um livro que foi best-seller, chamado "De bóia-fria a empresário internacional" -- ele apareceu no Fantástico, numa forçada de barra do repórter Carlos Dornelles, como se fosse um Don Juan De Marco brasileir --, que vai ainda mais longe: para ele, toda relação sexual com uma mulher fora do período fértil seria equivalente, para ela, a um estupro.
Vocês, mulheres, concordam com esses pontos de vista? Ou contestam a teoria do Dr. Elsimar Coutinho?
Mera curiosidade científica e jornalística minha... rs rs rs
Marcos Rocha
8/10 0 15:52
Olá, folks!
1 - Cláudia, realmente ele não precisa falar muito, seu comentário me lembrou de uma conhecida minha que se reunia às sextas com grupo de quarentões amigos, intelectuais, jornalistas, publicitários, promotores culturais e afins, uma espécie de confraria como a descrita pelo Marcos lá no Plano-Geral. Um dia ela chega ao bar acompanhada de jovem atlético que se sentou e pediu uma coca e batatas fritas. E ficou lá, ciscando as fritas enquanto o papo rolava solto. Pouco depois o rapagão levantou-se pra ir ao banheiro e um dos amigos (um homem, claro) cobrou: "que isso? você, uma mulher tão interessante, com um tipinho
que nem consegue abrir a boca, o cara não tem nada pra dizer!". E ela: "mas a idéia é exatamente essa, a idéia é: cala a boca e beija!".
2 - RM, quer dizer que vc dá consultoria econômica a empresas de moda? Quem diria! Não creia que "os outros 20% queriam ser mulher", sei que alguns faturam. Um mineiro, mistura de Gianechini e Tom Cruise de grande porte, que está listado entre os 10 maiores tops do mundo, está lá em N. York faturando a filhota da Luiza Brunet...
3 - Amélie, que prazer vê-la por aqui, realmente o Zulu dá vontade de soltar uma frase besta qualquer, serve até sobre o zoodíaco. Mas ele é melhor calado mesmo. E realmente as galinhas ciscando são o fim da picada, mas a cena valeu a pena.
4 - Marcos Rocha, respondo sua provocação nesta terça, viu?
Luciana
Não, minha querida blogueira. Já dei consultoria para empresa de todo tipo, mas não desse segmento.
Aliás só não o faço atualmente por absoluta imcompetência, trata-se de setor altamente especializado, é mesmo para gente do ramo...
Na verdade é uma consultoria diferente, que pretende atender a todas as empresas de uma tacada só. E não só as do bairro Prado, nem só de BH e MG. Donde se conclui que eu também entrei nesse negócio de blog, a exemplo de certas blogueiras que há por aí, por mero interesse profissional, ratinha branca...
Mas vc garante esse outro caboclo? Ouvi dizer que o pessoal deixa o cabelo crescer, começa a fingir que é bicha, depois toma gosto e, um abraço...
RM
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