30.6.08

Pesquisa útil


Quem enfrenta o trânsito na cidade grande sabe identificar de longe o motorista-mala. Aquele que demora mais de 30 segundos para arrancar quando o sinal abre e no quarteirão seguinte vai parar, sabe-se lá como, bem atrás de você, apenas para o mala buzinar no seu ouvido antes que o sinal fique verde. É o mesmo que costura o trânsito sem dar seta, dirige no meio das faixas e estaciona ocupando vaga e meia. Bom tempo atrás o mala-mor do volante era dono de um Opala. A gente via um Opala e já ficava pra lá de precavido, isso bem antes de alguém falar em "direção defensiva". Depois o mala passou a dirigir Monza – amigo meu garante que Escort também. Nos dias de hoje não saberia dizer que carro exatamente o mala prefere porque, pelo menos pra mim, vai tudo ficando idêntico, bunda de Palio, de Gol e de Renault é absolutamente igual. E tem uma categoria específica de mala que não escolhe veículo, escolhe é a aparelhagem de som – e acha que todo mundo adooora ouvir funk ou bate-estaca no trânsito às 7 e meia da manhã. Ou às duas da madrugada. 

Uma utilíssima pesquisa da Universidade do Colorado, EUA, vai nos ajudar a identificar, de longe, os novos-malas agressivos do trânsito: com 98% de certeza, ele terá posto um adesivo qualquer no carro. Não ria! Os pesquisadores tabularam milhares de dados sobre brigas no trânsito, infrações e acidentes. E encontraram uma coincidência impressionante no currículo dos motoristas malas: o adesivo no carro. Sem saber o que fazer com esse dado, os pesquisadores formaram uma equipe interdisciplinar que incluiu cientistas sociais, antropólogos e psicólogos, e partiram para a etapa das entrevistas. Concluíram que quem decora o carro, seja com frases estúpidas, seja com o escudo do time, seja com as superpoderosas, tende a se comportar como "o dono da rua". O adesivo em questão pode ser fofinho, como "eu amo a natureza", não importa. Segundo os pesquisadores, a questão não é o conteúdo das mensagens, mas o simples fato de o motorista ter necessidade de personalizar o carro, assinalando sua propriedade privada e “marcando o território”, igualzim fazem os cachorros, por exemplo. E bicho que marca o território ataca quem cruza pela frente, simples assim.

Ontem vi um carro com um adesivo imenso, cobrindo todo o vidro traseiro: “vivo a vida com Jesus” e, por via das dúvidas, mudei de faixa.


6 comentários:

Roberto disse...

HAHAHA

Ainda bem que no meu carro não tem nenhum.

Falando sério, tem uma lógica mesmo nisso. Os sujeitos que põem um monte de acessórios no carro, som de última geração, para-choque reforçado, farol de neblina e etc. também são malas no trânsito, repara.

É o sentimento de propriedade privada, de posse, levado ao máximo, até o carro.

Beijo!

PS: obrigado pelos BINGOS lá no Marcos, mas fiquei na dúvida se foi um elogio. RS

leve solto disse...

Ufa!! Também não tenho nenhum adesivinho..rs

Mas faz sentido isso tudo. Sem dúvida, costumo me afastar dos motoristas cujo os carros parecem árvores de Natal.

bjs

PS.: Vou correr lá no PG e ver o que está acontecendo, detesto ficar por fora!!! rs

Marcos Rocha disse...

Oi, Lu G:

Algum tempo atrás registrei aqui no PG minhas aflições com o trânsito em Sampa.
Fazendo uma análise como uma espécie de antropólogo urbano, constatei a existência, aqui, de duas categorias que são os mesmos malas a que vocês se refere.
Chamei-os de MENAPs e MEISEPs, neologismos autoexplicativos nas próprias siglas.
Os primeiros são os Motoristas Estressados Neuróticos Apopléticos Psicopatas.
Os segundos são os Motoqueiros (ou motociclistas) Ensandecidos Irresponsáveis Suicidas em Potencial.
Aqui em Sampa está cheio de ambas as categorias.
Vou observar melhor se aplicam adesivos nos carros e nas motos. Mas creio que faz sentido...
Abraços do

MR
30/6 - 12:13

Eliana Mara Chiossi disse...

Boa tarde a todos.
Lembrei de um adesivo que me intriga: Deus é fiel.
Não sei se esse adesivo altera a perfimance do motorista, mas me irrita!

Beijos

Anônimo disse...

Também acho que procede essa pesquisa.

A partir de agora vou me resguardar dos carros "arvore de Natal" rsrs

Eliana, também detesto esse adesivo. Quer dizer o que afinal?
Deus é fiel a quem? Poderia ser infiel? rsrs

Um abraço a todos!
Maíra

Anônimo disse...

Bom, se eu fosse reitor da universidade do Colorado, pagaria o dobro para os pesquisadores ficarem olhando paro o teto ou coçando o saco mesmo.

Treco inteiramente sem pé nem cabeça, duvido que explique alguma coisa até no país dos automóveis.

Aqui, com certeza, não explica. Tô cansado de ver carrões reluzentes, sem nenhum adesivo fazendo as maiores barbaridades. E até arrisco afirmar: quanto mais bacanão o carro, mais mal-educado o condutor.

Pior ainda: os abomináveis "reboques", outra especialidade da classe média pra cima.

O fato é que esse espaço, das vias públicas, é hoje talvez um dos melhores indicadores da completa arrogância e falta de gentileza e educação dos nossos tempos.