11.12.08

Os jornalistas estão matando o jornalismo!

Pra quem não sabe, o Geneton Moraes é jornalista há mais de 30 anos, mas não é exatamente um “velho” jornalista, anda na casa dos 50. Tem carreira consolidada em televisão, já foi de tudo na Rede Globo, Jornal Nacional, Jornal da Globo, Fantástico, mas adora mesmo é fazer reportagem. Como bom jornalista que é, é também escritor dos bons, com vários livros publicados, entre eles Nitroglicerina Pura e Dossiê Drummond, a última entrevista do poeta.


O texto a seguir é um trecho de excelente relato que está no blog do moço – e reproduz com exatidão o que todos nós sentimos, em relação ao atual jornalismo impresso. Dedico ao Marcos Rocha, esse também “das antigas”, e que sabe bem o que é esta angústia:
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De tudo o que estava nos títulos da primeira página do jornal, só uma informação era "novidade" para mim: "Brasil será o único país do mundo que não eliminou hanseníase". Conclusão: o jornal estava me oferecendo pouco, muito pouco, pouquíssimo.
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Tenho certeza absoluta de que milhares de leitores, quando abrem os jornais de manhã, são invadidos pela mesmíssimo sentimento: em nome de São Gutemberg, para quem estes jornalistas acham que estão escrevendo ? Em que planeta os editores de primeira página vivem ? Por acaso eles pensam que os leitores são marcianos recém-desembarcados no planeta? Ninguém avisou a esses jornalistas que a TV e os milhões de sites de notícias já divulgaram, desde a véspera, as mesmíssimas informações que eles agora repetem feito papagaios no nobilíssimo espaço da primeira página ?
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Os autores dessas obras-primas ( primeiras páginas que não trazem uma única novidade para o leitor médio!) são, com certeza, jornalistas que temem pelo futuro do jornal impresso. É triste dizer, mas eles estão cobertos de razão: feitos desse jeito, os jornais impressos estão, sim, caminhando celeremente para o mausoléu. Não resistirão. Os coveiros da imprensa estão trabalhando freneticamente: são aqueles profissionais que aplicam cem por cento de suas energias para conceber produtos burocráticos, óbvios, chatos, soporíferos e repetitivos.
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Em suma: os jornalistas estão matando o jornalismo.
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7 comentários:

Anônimo disse...

Olha Luciana, jornal impresso eu vou ler sempre. Outro dia entrei com notebook no banheiro e o povo aqui em casa chiou. Se eu levo o jornal, sabem que eu vou demorar um pouco mais que o normal, coisa de quem vai fazer o número 2, mas toleram.
Então, talvez pelo motivo errado, assino jornais e leio de cabo a rabo. Nas páginas internas tem notícia velha, mas cada notícia velha! Mas não tem jeito. Se a internet revela em um segundo tudo o que aconteceu lá no Japão, não há muito o que se fazer para quem tem que editar, diagramar, mandar rodar e distribuir o jornal. A diferença estará, talvez, na profundidade, na opinião, na investigação.

Verbo Feminino disse...

Mas é por aí mesmo.
O artigo completo do Geneton (meio grandinho, eu sei...rsrsrs) revela bem qual o problema: cabe ao impresso as matérias em profundidade, a análise, a opinião.

Mas o que ocorre é que o jornalismo impresso vai sendo conduzido como um "fast info" - papel da internet. É preciso dar tempo e recursos para os jornalistas fazerem as investigações, cultivarem as fontes etc. Não, isso é caro, manter equipes assim não dá retorno. São x jornalistas obrigados a redigir y linhas por dia e ponto final...

Houve um temporal em S.Catarina? Todos já sabem, já leram na web, já conferiram todas as fotos, já ouviram os depoimentos emocionados na telinha da TV. Mas falta saber/investigar se as obras que poderiam ter evitado a tragédia foram feitas ou não... Falta cobrar dos responsáveis, saca?

De qualquer forma, ir pro banheiro de lap top??? rsrsrs Mais uma ótima utilidade para o jornal impresso, sem dúvida. Além de servir como chapéu em dias chuvosos. rsrs

Anônimo disse...

Ih! nem vi que tinha continuação! Putz! Foi mal! rs

Marcos Rocha disse...

Oi, Lu G:

Você postou ontem? Como e por que eu não vi antes e não fui o primeiro a comentar, ainda mais tendo sido um post dedicado a este velho "pero no mucho" jornalista?

Bem amiga, concordo com tudo o que o Geneton e você dizem, talvez esteja aí a explicação para a crise que afeta os grandes jornais do mundo.

Você deve ter visto anteontem: o grupo do Chicago Tribune, que tem uma rede de 40 e tantos jornais e emissoras de TV, deve 13 bilhões de dólares e está pedindo concordata. E o New York Times teve que fazer uma hipoteca do seu prédio para levantar 200 milhões de dólares -- terá que honrar um empréstimo de 400 milhões de dólares em maio/09.

Acho que os jornais sempre continuarão a existir, mas o enfoque e a abordagem terão que mudar.

Já notebook dentro do banheiro, nunca usei. Em compensação tenho o hábito maluco de ler revista debaixo do chuveiro. Apóio a revista aberta entre as torneiras de água quente e fria, que ficam na altura dos ombros, e fico lendo. Ela sai toda "espirrada" de água -- minha mulher e meus filhos quase me matam, quando chega a hora de eles lerem... Este hábito era de quando morava numa casa espaçosa, com banheiro grande. Aqui em Sampa, o atual box do banheiro é tão estreito que, se eu me abaixar para apanhar o sabonete que caiu no chão, bato com a testa no vidro do box... Ler revista, aqui, não dá, infelizmente! rs rs rs
Cada louco com a sua mania.

Abração aos dois.;

MR
12/12 - 12:53

PS: Hoje, aniversário de BH, transmito os meus parabéns a todos os conterrâneos, inclusive a você, que é honorária.

Ricardo Rayol disse...

deves er uma baita saia justa, como conseguir em papel o que se consegue em internet

Verbo Feminino disse...

Marcos, ler revista no chuveiro!!!! rsrsrs
Cada um com seu cada qual, mas que eu ia ficar P da vida se pegasse a revista depois de vc, ah isso ia...rsrsrs

Rayol, não acho que seja saia justa não, acho que trata-se de resistência à mudança mesmo. rs

Beijos

Roney Maurício disse...

Quaquaqua
E você ainda se abaixa pra pegar o sabonete, decanão? Olha lá, heim?rsss

(o post é muito bom, prometo voltar mais tarde com um comentário mais "edificante"...)