13.11.07

MIL PERDÕES

O assunto surgiu lá no Correio, a cena narrada é bem comum, tem muito homem que recebe um chifre e quer saber qual é o maior, o dele ou o do adversário – o pênis, não o chifre. Conheço até uns que tinham traído primeiro e já estavam com as malas prontas, mas ao saber do pulo feminino dão um passito atrás, só pra saber se a mulher gritou na hora agá. E há os que afirmam que é natural ao homem dar uma escapadela, mas se for dela o escape, aí é putaria. Um jovem amigo publicou nervoso comentário por lá e fez provocação cá, bem lembrando que as mulheres são também capazes de reações parecidas, querem saber se a outra é mais jovem, mais gostosa ou mais libertina, e lembro que o destempero feminino tem a desvantagem de uma certa, por vezes grande, carga de histeria. A explicação para tais demonstrações de fúria dita ciumenta estaria no sentimento de posse, mais afeito à competitividade que ao amor, esse é doado. E se os homens ainda são melhores nisto, na competição, as mulheres vão aprendendo direitinho. Para apimentar ainda mais o debate conto caso verídico de mulher que foi trocada, depois de 20 anos de relacionamento, por um jovem aluno do marido. Passado o choque inicial, se comprazia em dizer que entre as mulheres era ela a eleita – amava era ser a única, ainda que definitivamente excluída. Que o ciúmes dá certo tempero às relações, disso ninguém duvida, e que somos irracionais nesse sentimento é mais certeza ainda. Já tive um ataque porque cheguei em casa às 5 da manhã, depois de uma esticada com amigos, e encontrei o companheiro no décimo sono, o que significava que ele NÃO sentia ciúmes, vá entender a cabeça de uma mulher. E quando entra sexo nessa história, a coisa fica mesmo superlativa – e abro parêntesis para dizer que faço distinção entre infidelidade e deslealdade, no primeiro caso cabe diálogo, ainda que sofrido, no segundo o perdão é bem mais difícil, fecho parêntesis. Voltemos às destemperadas reações frente ao sexo extraconjugal, seja de fato, seja presumido, seja pressentido. Não acredito numa equação resolvida: homens sempre competem pela posse, mulheres sempre pelo amor. Não nos esqueçamos, nessa hora, de outro sentimento igualmente corrosivo: a culpa. Conheço muitos, homens e mulheres, que se martirizam por não poder amar, ou por não continuar amando. E que usam altas doses virulentas de suposto ciúme como um remédio que alivia a própria dor: basta transferir a culpa.
-
Aos que já sentiram ciúmes, aos que sentem agora e aos que ainda vão sentir - a todos nós - as palavras do mestre Chico Buarque, em Mil Perdões:
-
Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
/
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais
/
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
/
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim
/
Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
/
Te perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir
/
Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
/
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
/
Te perdôo
Por te trair

22 comentários:

Anônimo disse...

Show Luzinha.

Volto mais tarde (não quero influenciar, nem esculhambar o debate)

Anônimo disse...

Ei, Luciana!

Chico Buarque é mesmo mestre não? Quantos de nós passamos por situação assim?
Concordo com você, essas reações estúpidas e às vezes violentas nada tem a ver com o amor, ou com o ciúmes. Tem a ver com o ódio e a inveja.

Vamos voltar a sentir o velho e bom ciúmes?
Cláudia

Anônimo disse...

Ah!

Luciana,
Valeu a pena a "provocação"!

Uma mulher que entende bastante de relacionamento entende bastante de ciúmes.

Pra ser mais didática (pra mim não, pros outros parceiros de verbo! rsrsr) explica melhor a diferença entre infidelidade e deslealdade?

Cláudia,
Vamos? Vamos sentir o velho e bom ciúmes?

Rafael

Vee disse...

Oi Luciana,

Depois da gostosa esbórnia que se tornou os comentários no meu blog ontem (era tudo o que eu estava precisando e o mesmo foi, maquiavelicamente, provocado) eu só posso ficar silente hoje, principalmente diante de um texto tão bem escrito e ponderado como o seu. Só não vou dizer que concordo com tudo, em gênero, número e grau, por questões de estratégia.


Beijos

Anônimo disse...

Bonito! Todo mundo escondendo o jogo, né?

Será que a Claudinha nunca passou por um dissaborzinho amorozinho, não? (rs)

E o "jovem" Rafael, nunca precisou adaptar um "teto-solar"? (rs)

Amélie nem vou falar, já deve ter plantado chifre até em amante de ex-amante (ops, brincadeirinha, não sabe brincar, não?).

E a Luciana, o pobre coitado tem que dormir também. Cê só chega em casa essas horas? (rs, de soslaio, como diz Amelí)

Marcos Rocha disse...

Faltou uma frase, não no posto, mas no poema do Chico Buarque, que seria o coroamento e o auge da capacidade de perdoar:


"Me perdôo
Por te trair"

Poderia, também, ter outra versão:

"Não me perdôo
Por te trair".

Eu ficaria com a segunda opção.

No mais, trata-se de um belo texto.

Este tema, todas as vezes em que é levantado, me provoca uma ligeira coceira no alto da testa, parecendo estar começando a querer despontar um belo par de chifres do tipo canzerá...

Tem uma frase que eu acho ótima, não sei mais onde li:

"Chifrudo. Se você não é e se não foi, ainda será. É só uma questão de tempo."

Rs rs rs

MR
13/11 - 16:18

mlupedrosa disse...

Olha Lu, minha sábia mãe fala sempre uma coisa: não procura muito não que você acha... E meu irmão completa: mas mãe, boi amarrado também pasta! hehehe

Anônimo disse...

Ei, RM!

O "jovem" Rafael é ainda novinho nesse troço.rsrsrs
Até tento um ciumezinho básico com a Claudinha (titia já me dispensou).
A vantagem de ser "jovem" como eu é exatamente que ninguém é de ninguém, saca?
A gente vai ficando com todos e fica com nenhum, de forma que ninguém tem chifre ou todo mundo tem, o que dá no mesmo.

O problema não é na testa, Marcos Rocha, é no cotovelo.rsrsrs

Vee disse...

Gente, que obsessão é essa com a tal palavra: chifre?

Chifre não existe. Isso é coisa que colocam nas suas cabeças!

(risos)

Vee disse...

Tá vendo? É o RM dar pitaco, que a coisa começa a degringolar. rssss

Anônimo disse...

Luciana,
Licença pro meu depoimento.

Esclareço ao jovem Rafael que deve ser mesmo bem inexperiente, que deslealdade é a pura traição,com mentira arquitetada, falta de sinceridade, tudo. Sei porque (EU abro o jogo) já sofri isso. E concordo com a Luciana, o perdão é bem mais difícil. No meu caso foi impossível.

E sobre a questão da culpa, tem também quem trai porque não tem coragem de dizer que não quer mais ficar na relação. Trai pra ser descoberto mesmo. Prefere sentir culpa do que ser sincero. Isso também é uma deslealdade.

De minha parte, no momento não me dói nem a testa nem o cotovelo. Já me dou por satisfeito. rsrs

Um abraço!

Anônimo disse...

Ô gente, peraí que vou escrever um negócio "sério" ali no PG e volto prá por alguma ordem nesta suruba (Luciana me mata hoje)

Anônimo disse...

Ei, FH!!

Quer dizer que pular a cerca avisando antes, ou depois, pode? É só uma infidelidade?
E dizer que foi pro dentista mas ir pro motel não pode? É deslealdade? Com mentira?

Me explica isso direito.

Anônimo disse...

Ó, vou fazer duas propostas:

1) Mais alguém corajoso como o FH, que se disponha a "abrir o coração" (cuidado ao passar pela porta, rs), mesmo que seja na terceira pessoa.

2) Uma variação do mesmo tema, que é a quase inevitável escapadinha masculina, que se dá por volta dos quarentinha (Rafael ainda chega lá...) e, "bem-feitamente", costuma acabar em segundo casamento, com grandes chances de "vingança cruzada".

Eu mesmo solto um caso "verídico", que contempla as duas vertentes (prá não ter que escrever duas vezes. Truque aprendido com Amelí, craque de bola. Amelí, peguei pesado demais? Desculpe, nega, depois cê me detona lá no Correio...).

O caso é parecido com o reportado pela chefe do Verbo. Caboclo também professor, mais ou menos vintão de casado; só que, felizmente, fez escolha mais ortodoxa, uma moça uns vinte anos mais nova.

Esse figuraça e grande amigo tem como uma das características marcantes de sua personalidade, um certo jeito "chorão", de achar que só acontecem boas coisas com os outros e, com ele, só as ruins.

Lá pelas tantas o gajo me liga e dispara um "cara, tô me separando da Fulana, arranjei uma gatinha de 25 anos..." Quase dei os parabéns ao sacana (apesar de gostar muito da sua ex, a tal Fulana), mas o outro sacana aqui não resistiu e retrucou: "pô, cara, muié véia; achei que tinha arrumado uma de quinze..." Quase se foi junto uma amizade de também mais de vinte anos.

Não sou "especialista" nesta matéria (MR que entende muito, rs), mas tenho a impressão de que boa parte dos "causos" de infidelidade que todos conhecemos se encaixam nesse perfil: gatão de meia-idade, filhos não muito pequenos, patroa já precisando de uns "reparos" (agora, se a LG não me decaptar, o resto do público feminino, que deve ser maioria aqui, o faz)... o cara pensa, pô, acho que vou trocar por um "modelo" mais novo, air-bag, traseira empinada...

Anônimo disse...

Pô, cara!

E eu que tou batalhando um modelo mais velho e não consigo nada???...

Taí a Cláudinha, a Luciana e a Tiazinha pra não me deixar mentir! rsrsrs

Anônimo disse...

Ei, RM.

Mas tem mulher também faturando rapaz jovem, não? Se ela for atriz de TV então...

Mas no caso da dupla homem de 40, mulher de 20, pergunto: se são as as mulheres que escolhem, como defende a autora do Verbo Feminino, eças preferem os quarentões? Porque a gatinha de 20 não fica com um de 25?
Rafael, quer responder?

Anônimo disse...

É mesmo, presidente (rs).

Também tô pagando para ouvir a resposta, se é que terá alguma, da dona LG.

Aliás, se me permite sua excelência, estendo a pergunta às outras nobres representantes do belo sexo, Claudinha, Tiazinha, ops, Amélie... Tem umas outras também, mas acho que não são muito boas de briga não: Virgínia, Anna, Marilú. Marilú não! Essa é porrada certa, tô fora...

Anônimo disse...

Nossa!!

RM, Presidente (by RM),
Vamos fazer o seguinte?
Escrevo sobre isso amanhã, ok? Tenho alguns casos pra contar.

Rafael,
mulher vai ficando mais velha (a palavra é essa mesmo, velha) e menos besta, sabia? Rapaz de 25, a essa altura, só se for modelo "cala a boca e beija". Não parece ser o seu caso. rsrsrs

Amélie pegou no cerne da questão: quem falou em chifre? Coisa de homem mesmo, ora se preocupa com a careca, ora com a galhada...

Cláudia,
É isso, são reações de ódio, não de amor.

Marilu,
Boi amarrado pasta, com ou sem chifres, né? rsrs

Beijos

Anônimo disse...

Ô Presidente, cheque-mate, viu?

Nossa heroína pediu prá pensar até amanhã... As outras tão fingindo que foram dormir.

Só tô um pouco preocupado com Tiazinha Amelí, tá muito quieta, vem bomba aí...

mlupedrosa disse...

RM estou impressionada!
Como há tão pouco tempo me conhecendo - e olha que virtualmente - vc já detectou um dos meus maiores defeitos (para uns; qualidade para outros)? Sou muito boa de briga lero lero não, o negócio é pá pum comigo... rsrsrs Espero que quando eu ficar mais velha, adquira um pouco mais de serenidade como a nossa querida LG!

Anônimo disse...

Cuma?

"Mais 'velha' (...) como a nossa querida LG"?

Ó LG, tenho nada a ver com isso, heim!!!

mlupedrosa disse...

Mas vai gostar de botar uma lenha na fogueira, hein RM??? Aposto que é por isso que não tem blog, pra não dar a cara a tapa e ficar isento de maiores problemas... Aposto, aposto! rsrsrs