Um amigo – sábio amigo – me sugeriu o título Fêmeas em Fúria para este blog. Gostei de cara, mas achei Almodóvar demais. E fiquei pensando também se nós, fêmeas, andamos mesmo em fúria. Ou se estamos – homens, mulheres, velhos, adolescentes, crianças também! – meio que anestesiados, achando que tudo por aí é “normal”. Descartei o título. Outra amiga – essa não vejo há um tempo, sugeriu pra outra pessoa, que me repassou a idéia e aí já lembro daquela história de que entre você e qualquer pessoa neste planeta existem apenas o máximo de 6 viventes, ou seja entre você e Brad Pitt há no máximo seis pessoas, pode ser que a amiga acabe um dia sabendo deste blog por outra pessoa que contou pra outra, não serão precisos seis, essa minha amiga que não vejo há um tempo vai saber que foi dela a idéia, ou talvez tenha sido de outra pessoa que falou com ela, de qualquer forma essa minha amiga vai saber que é dela que estou falando e vai saber que, de alguma forma e ainda que sem o devido nome, dei o crédito a ela – como dizia, essa amiga deu outra sugestão, inspirada no sucesso da web que chegou à TV: Vothern, corruptela de Mothern, pra quem não sabe nome inspiradíssimo de publicitárias mineiras que escrevem sobre uma nova – não muito nova, é verdade – condição feminina, a da mãe moderna, mas “mãe moderna” diz bem menos que Mothern. Mulheres meio fêmeas em fúria. Porque eu – e essa minha amiga que não vejo há um tempo – somos avós. Daquelas que as pessoas, ao saberem, exclamam espantadas, como se no século 21 mulheres com pouco mais de 40 não tivessem idade, ou melhor, tivessem idade de menos, para ser avó, enquanto menos de um século atrás estavam quase à espera de um bisneto. Somos avós e, modernamente, trabalhamos feito burro de carga, dividindo ou carregando sozinhas um monte de fardos, inclusive os da filha que – estamos no século 21 – quase sempre tem que carregar os dela sozinha, sobretudo porque tiveram um filho na casa dos 20, do contrário não seríamos avós. Mas achei o título ruim também, Vothern é corruptela demais, a piada não duraria mais do que alguns minutos. E como sou prática, me lembrei do Google, esse companheiro nosso de todos os dias, seja na busca por sites de venda de orquídeas, sou dessas que compra orquídeas pela internet, acredite se quiser, seja na pesquisa de preços dos mais absurdos produtos, seja na redação de trabalhos acadêmicos ou o que for, às vezes fazer buscas no Google sem objetivo algum é divertido e ainda mais frutífero. Importante, na prática, é encontrar um título que seja facilmente localizável pelo Google. É o contador do Google que conta, literal e metaforicamente falando, nesse negócio, claro está que ninguém vai acessar isto aqui se não tiver tido uma indicação direta de alguém, ou se não encontrar a página por acaso, estava era fazendo uma pesquisa sobre o Drummond, ou sobre a invasão no Iraque, e deu um clic para este blog, coisas assim acontecem o tempo todo na web. A chance do blog ir pra lista de Favoritos é mínima, mas não de todo impossível. E como não cabe ao Google fazer a escolha, embora o Google pareça ter cérebro e cerebelo, cabe é ao blogueiro encontrar um título que coincida de alguma forma, uma ou duas palavras, com as buscas do maior número possível de pessoas. E quanto mais pessoas pesquisarem palavras que estejam no título, mais o Google pode apontar este blog, maiores as chances de acesso – nem que por pura curiosidade e depois a frustração, porque a frustração com as pesquisas no Google é proporcional à chance do absoluto sucesso, num gráfico de correlação daria uma curva perfeita. As exceções são os blogs que têm uma pilha de estagiários para copiar e colar dados e bolar fóruns de discussão e postar piadinhas e listar bons links relacionados e até oferecer foto e música diferente todo dia – imagine se uma pessoa sozinha, um simples e solitário anônimo blogueiro, tem condições de atualizar um blog nessa quantidade e variedade, mas esses blogueiros com páginas incríveis já têm nome e, tendo um nome, a busca no Google já é facilitada, uma coisa levra à outra como tudo na vida, na web não será diferente. Voltemos, pois, à questão do título. Mulheres, pura e simplesmente? Para o Google o nome aparenta ser bom, há certamente milhares de pessoas a cada minuto fazendo uma busca com a palavra mulheres, mas aí é melhor ainda por o título no singular, apenas Mulher. Mas tanto num caso quanto no outro, mulheres ou mulher deverão estar devidamente acompanhadas de algum adjetivo, uma qualidade qualquer para definir essa mulher, ou a busca no Google volta a ser impossível. No efeito cauda longa, Mulher acaba sendo genérico demais, ninguém em sã consciência faz busca no Google apenas com a palavra mulher. A não ser os tarados de plantão, mas esses ficariam furiosos ao buscar mulher no Google e não encontrar nem vestígios de peitos e bundas, ao contrário, encontrar uma verborragia feminina de dar medo. Acho que achei: vou de Verborragia Feminina. Pelo menos por enquanto. Podem acessar este blog os letrados que por algum motivo buscam pela palavra verborragia, palavra aliás em desuso, porque embora a língua portuguesa seja tão rica o vocabulário das pessoas vai ficando cada vez mais pobre, podem acessar este blog os que querem entender um pouco dessa condição feminina. A maioria, de qualquer forma, só chegará ao fim deste texto por puro acaso.