28.11.07

40 ANOS DE TRAVESSIA

O espaço tem pé direito baixo e, sem refrigeração, o calor era insuportável, parecia ser possível cortar o ar à faca. Mesmo assim me espremi entre as pessoas que já tinham na mão seu copo de vinho, pouco gelado, para ver as obras da exposição. Gostei de uma ou duas no máximo, é impossível um julgamento preciso, o dia da estréia é sempre o pior, tente contemplar alguma coisa com tanta gente passando e tanta balbúrdia, mas sei desde já que não voltarei para conferir. A idéia da mostra, já sabia, era meio oportunista: reunir alguns dos artistas que badalaram na galeria este ano, em torno de um tema que sempre chama a atenção da mídia. E do público. Centenas de pessoas, como eu, estavam lá apenas pelo motivo da coletiva, os 40 anos de Travessia, primeira parceria de Milton Nascimento e Fernando Brant. E valeu ter ido, para por um pouquinho da conversa em dia. Fernando, Tavinho e Toninho tiveram que distribuir alguns autógrafos no catálogo, mas mineiramente logo encontramos um cantinho lá fora pra prosear. Vai parecer breguinha isso aqui, mas a gente sempre se despede com a mesma “senha”, a frase: “qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”. Para os amigos do Verbo, a letra de Canção da América, quem não conhece?


Amigo é coisa para se guardar
De baixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na américa ouvi
.
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
.
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
.
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.



9 comentários:

Anônimo disse...

Vou ser a primeira hoje? ...

O que posso dizer? Que uma vez, num momento de despedida de amigos, alguém pôs Canção da América pra tocar. Choramos todos igual criança.
Alguns dos amigos daquela época eu tornei a encontrar. E é engraçado, a gente fica 10 anos sem ver um amigo de verdade e é como se fosse apenas 10 minutos.

Beijos,
Cláudia

Anônimo disse...

Adoro praticamente tudo que o Milton canta... Travessia, Canção da América, Coração de Estudante, Cuitelinho... enfim músicas eternas que quando ouço me tocam fundo!

E a letra aqui no post hoje? Quem tem amigos sabe o que é isso né?!
Adorei reler esta letra hoje!! Veio muito a calhar...

bjs

Anônimo disse...

Olá, estive longe uns dias e não pude passear aqui pelo Verbo, mas sempre é tempo.

Em primeiro lugar, registro que notei a reação nada modesta de RM ao meu comentário sobre o belo post a respeito dos nomes das cidades mineiras.
Cuidado, RM, “efeito bombástico” nem sempre significa coisa boa, estão aí os homens-bomba e seus efeitos nefastos para não me desmentir. O fato é que os machos de alma feminina são um verdadeiro perigo, as fêmeas com alma feminina sabem bem disso. Porque mesmo sendo possível a eles, vez por outra, a demonstração de franca generosidade e delicadeza, continuarão sendo machos, sempre prontos a agarrar e devorar sua presa, quase sempre sem generosidade alguma e, certamente, nenhuma delicadeza. O efeito mais bombástico que provocam, portanto, é o da nossa extrema cautela.

Comento agora o belo texto, mais uma vez, da autora do Verbo sobre a família. Sim, estamos todos carentes do colo da família. Feliz dos que conseguem manter ainda vivo e saudável esse núcleo, cada vez menor mas nem por isso menos necessário, ou talvez mais necessário do que nunca exatamente por isso. Vejo que o Verbo, ou a “confraria” do Verbo, vai se ligando por laços invisíveis, exatamente como fazem as famílias. E cada membro novo que chega vai também se “aconchegando”. De minha parte, me sinto em casa. Mesmo que fique sem aparecer alguns dias, sei sempre para aonde voltar, que bom.

Um abraço a toda a confraria, ao som de Canção da América, é claro!

Marcos Rocha disse...

Oi, LG:

Sobre o seu "Tira-teima", houve um equívoco de interpretação do que eu quis dizer ou, o mais provável, é que tenha me expressado mal no meu comment.

Quando eu disse que faltou uma frase não no post, mas no poema do Chico Buarque, eu quis dizer que ele, autor dos versos, para coroar a sua capacidade de perdoar, deveria ter acrescentado à letra algo como "Me perdôo por te trair". Ou, então, o contrário: "Não me perdôo por te trair". Ou seja: eu não disse que tais palavras faziam parte da letra e, sim, que deveriam estar incluídas nela.

Reconheço que é uma petulância imperdoável minha querer interferir na letra de um Chico Buarque, mas foi apenas um ponto de vista pessoal "en passant".

Sobre Travessia e o Clube da Esquina, o único registro que faço é que foi uma injustiça do júri do Festival da Record (ou teria sido do Festival Internacional da Canção? Não me lembro mais), na época, colocá-la atrás de "Margarida", do Gutemberg Guarabira, apenas porque esta havia caído no gosto do grande público e do auditório. Mas era uma musiquinha fraca, que foi esquecida ao longo desses 40 anos.

Beijos,

MR
28/11 - 16:05

Anônimo disse...

Pô Anna, que pena... Achei que estava arrasando, fazer o quê...

Mas pela qualidade das suas intervenções, muito mais que a frequência - e se consolidando a confraria -, lanço, desde já, sua candidatura a madre-superiora (rs). E só não o faço para "suprema líder da ordem" por temer alguma reação explosiva da Luciana (rsrsrs).

E tranquilize-se: sou sempre o devorado, mas com toda a delicadeza.

Anônimo disse...

Ei!

1 - Cláudia e Leitora, de vez em quando é bom ouvir de novo, né? Amigo é mesmo pra se guardar no lado esquerdo do peito.

2 - Anna! RM estava tão feliz, arrasando corações, causando efeitos bombásticos! rsrsrs Faz isso com ele não...

3 - Marcos, como não poderia achar que você tentava "corrigir" o Chico em letra tão perfeita, acreditei que o verso existia mesmo, ainda que em improviso do Chico... Mas não. Porque o "TE perdôo por te trair" é que é a essência do poema. Se perdoar por trair é até fácil. Perdoar o outro por dar motivos para essa traição é que são elas, né?...

4 - RM, fica triste não. Repara: Anna gastou bem umas 15 linhas só pra falar com/de você... rsrsrs Sinal de que ou a cautela é mesmo muita, ou a cautela é muita porque o efeito foi bombástico mesmo!

Beijos

Anônimo disse...

Ei, "fiel" e "solidária" blogueira "amiga",

Pode ficar despreocupada, já resolvi a pendenga com o educador Tião Rocha, no blog de seu irmão MR. Dei logo mais umas 3 bordoadas e considerei encerrado o assunto.

Não posso deixar de agradecer a prestimosa e solícita colaboração dada por minha ex-gurua, que, em resposta ao meu pedido de mãozinha, ofertou-me com um pezinho na minha bundinha...

Também tô nem aí, já arrumei nova gurua... e de Brasília...

Tchau, trairinha ingrata (me perdôo por te trair)

Anônimo disse...

PS: sobre o post, ô travessiazinha comprida essa, heim? Quarenta anos e até hoje não chegaram, putz...

Anônimo disse...

RM!!!

10!

Realmente a Travessia está longa demais!!! hahahaha

Sobre o "pezinho na bundinha", cê sabe que o tranco foi com o maior carinho, né? rsrs

Beijos