8.11.07

O MINISTRO ARTISTA

A quarta foi dia de trânsito louco na capital mineira. Não que o trânsito não esteja louco por aqui em qualquer dia da semana, mas é que começou a Teia e, além da “diversidade cultural brasileira”, Belo Horizonte foi presenteada com a presença de Lula – quem precisou se deslocar de carro ou de ônibus em qualquer ponto de Belo Horizonte sabe do que estou falando, agentes de trânsito e guardinhas atrapalharam ainda mais a esperada bagunça. Por causa da Teia há centenas de pontos da cidade com algum evento cultural, aqui um seminário, lá um workshop, num hotel um seminário, no teatro uma performance, no parque tem cinema ao ar livre, na praça pequenos e grandes shows. O ministro também veio, claro, vai aproveitar a estada para um megaevento em ginásio, anuncia que quem quiser pode filmar e fotografar, o show será transmitido ao vivo pela internet, tem o nome de “Banda Larga”. O ministro artista deu uma longa entrevista coletiva à imprensa no começo da tarde, longa não pela quantidade de informações ou frases úteis, mas demorada por causa da natural dificuldade léxica de nosso ministro baiano. Ele esclarece que está preocupado com as novas mídias. Às tantas solta esta pérola, misto de merchandising e atestado de incompetência ministerial: “O cidadão Gil, através do seu trabalho artístico, está dizendo: queremos banda larga para todos. E, evidentemente, esperando que isso tenha eco na própria vida institucional do pais. Eu, como cidadão, espero que os governos do Brasil respondam positivamente, cada vez mais, a tudo isso.” Como assim, ministro?
E em homenagem a ele publico este filminho - não é novo, eu sei - mas sempre serve pra lembrar do martírio que é, para a imprensa, arrancar uma frase compreensível do baiano.


10 comentários:

Anônimo disse...

Querida, acho que você escorregou nesta...
Quando abriu aspas e deixou claro que é o "cidadão Gil", que tem direito de falar qualquer bobagem, como é de seu costume. O filminho mostra bem a sua verve...
Beijos

Anônimo disse...

Oi, Virgínia!

Mas o cidadão Gil não é agora ministro? E justo da cultura? Quando ele, o cidadão-artista, diz que precisa sensibilizar os governos, de quais governos ele está falando? Do dele ou o do Senegal? rs rs

Anônimo disse...

ha ha ha

Entendi tudinho que ele disse. Ficou mesmo engraçado.

Beijos

Vee disse...

Além da incoerência tacanha que há nisso: "Eu, como cidadão, espero que os governos do Brasil respondam positivamente, cada vez mais, a tudo isso."...

Alguém pode fazer-nos o favor de avisar a este senhor que se comunicar e ter um compromisso com a comunicação são duas coisinhas absolutamente indissociáveis? Hein?

A, ammm, ammm, ammm. Leia-se: beijo a todos!

Lu Carvalho disse...

Luciana, vc deve ter visto meu comentário no blog Todo Prosa do Ricardo, eu sempre te vejo por lá, já havia visitado seu blog algumas vezes, adorei ter sido linkada por vc e já retribui, agora não nos perdemos mais, afinal somos Lucianas e arianas, precisamos manter o contato.
Bjs.

Anônimo disse...

Ei, Amélie!

O uhmmmm ministro ammm é ehhh na verdade eeh hummmm ammm importante inter - inter - interlocutor ammmmm eeeehh das das das novidades ammmm ammmm nessa nessa coisa hummmm ammm ammm chamada internet.

Do jeito que a coisa anda, com as pessoas escrevendo e falando cada vez pior, é um legítimo representante da nossa cultura, né?

Beijo grande!

Anônimo disse...

Senhoras e senhores,

A norma, que começa a se tornat regra, no VERBO é: post bom, comments também... Mais uma vez respeitada, parabéns a todos.

Vou divergir hoje (prá variar, rs), acho que é preciso separar a pessoa "pública" da privada (sem "trocadalhos"), assim como o "artista pessoa pública" do "político pessoa pública".

Lembro-me de um tempo em que era assinante de VEJA [ou "Viu", "Óia" (by Rafael), "Cadê?', etc.], sim, confesso, lá pelo início dos 80. Chico Buarque, outra legenda, como a do alvo gaguejante da mira certa de Luciana; acabava de lançar um disco, que não era assim, digamos, grande coisa. Foi vítima de uma crítica estúpida, truculenta e desimportante como só sabem fazer os "críticos" de VEJA, desde aquele tempo, talvez antes.

Fiquei indignado com aquela imbecilidade e cheguei a rascunhar um protesto, logo esquecido com alguma coisa mais divertida prá se fazer. Mas deixei de ser assinante de VEJA e mantive a indignação. Me deixava perplexo o fato de um Zé Ninguém se sentir a vontade para esculhambar com a obra de um gênio (e o maior letrista) da mpb. Sucitava o desejo de falar àquele zé coió, que a pior coisa que o Chico escrevera era melhor que o melhor que o crítico de merda tivesse produzido.

Não é, evidentemente, o caso presente: nem a blogueira cometeu a deselegância nem os comentaristas a leviandade (além disso, foi o próprio dito cujo quem "misturou as marchas"). Mas é quase regra, no Brasil, se aproveitar de uma escorregadela qualquer de uma pessoa pública, em outra esfera que não sua atividade profissional, e usar a oportunidade para se descer o sarrafo, por exemplo, na obra do infeliz.

Acho que o artista que tem meia dúzia de clássicos (por baixo), como o sujeito do filminho acima, deve ter preservada e valorizada sua obra, como fazem os americanos, né Amélie?

O político não! Nesse aí pode baixar o pau mesmo...

Anônimo disse...

Ei Luciana!
Esse comentário aqui é pro RM:

Quem levantou o nível da discussão foi você agora. Eu sou fã do Gil e acho chique demais ter o Gil como ministro da cultura. Muito bacana pra nossa imagem no resto do mundo, porque é mesmo um artista genial. Mas que ele como ministro é uma enganação, isso é mesmo né?

Quem foi o louco que falou mal do Chico Buarque? Que disco do Chico foi mais ou menos? Não conheço nadinha dele ruim rs rs rs

Beijo

Anônimo disse...

Ei Claudinha Lins,

Só você prá me fazer levantar aqui do meu confortável escritório em casa e sair procurando um CD que eu nem sei se tenho.

1) O GG não é ministro nada, é só prá fazer bonito mesmo. Quem manda é uma turma de petistas de segundo e terceiro escalões, que devem ter qualificações de quarta ou quinta categorias.

2) Eu tinha quase certeza que era um disco de 82, mas esse tem, entre outras, "Cálice" - que é, inclusive uma parceria com o GG. Acho que o que mais se presta ao que contei é o disco "Francisco", mas este é de 87 (e também tem músicas muito boas...)

3) O cara que fez a crítica fiz questão de esquecer o nome, mas se soubesse não falaria, prá não dar ibope pro aparvalhado.

Grande abraço

Anônimo disse...

Ei turma!!

Bem, primeiro tenho que dizer que o Verbo não faz mesmo o menor sentido sem vocês todos soltando o verbo. Já disse, e repito: prefiro os comments!

1 - Virgínia, olha não quiz falar mal do Gil artista e cidadão. É que como ministro é duro de aguentar rsrsrs E como ministro que quer banda larga pra todos, tem mais é que ir bater na porta do colega Hélio Costa e na do patrão Lula e rodar a baiana, né?

2 - Rafael, é isso. O cidadão-artista se comportando como se não tivesse nada a ver com este governo...

3 - Bingo mais uma vez, Amélie.

4 - Xará, seja bem-vinda, vou passear no LuLetras sempre que der.

5 - Fernando Henrique! Que bom que voltou e soltando o verbo! rsrsrs Ficou ótimo seu dialeto, chamemos de "gilês", que tal? O Walter Carrilho outro dia fez um texto todo em "djavanês", você agora escreveu em "gilês"...

6 - É isso mesmo, parceiro de verbo RM. Nada de confundir o artista com o ministro.
Sabe, dois shows marcaram definitivamente minha vida: "Falso Brilhante", da Elis e "Refazenda", do Gil, assisti ambos em São Paulo, na adolescecência, antes de virar mineira, uai. No Refazenda o que me marcou foi o imenso (nunca mais vi nada igual) domínio do público. O teatro inteirinho, inteirinho cantando com ele, que separou a platéia em tons e semitons, regendo um imenso e enlouquecido coral. Mais arrepiante que torcida cantando hino em estádio de futebol, saca?

7 - Cláudia, também acho chique! Lembra daquela reunião de abertura da Assembléia da ONU, que Gil abrasileirou, pondo os representantes de todos os povos cantando e rebolando juntos? Adorei!

8 - Também queria saber quem foi o imbecil que conseguiu dizer que Chico fez algo ruim... Chico fez algumas coisas "menos boas" do que a regra, que é ótimo ou excelente. Mas coisa ruim, não conheço. Fez muito bem em cancelar a assinatura de Viu, RM!!! rsrsrsrs